Resumo do artigo "A moda latina do teletrabalho",
de Jorge Nascimento Rodrigues, incluído no suplemento XXI do jornal
Expresso de 08/03/97.
Este artigo descreve um projecto desenvolvido pela CATRAL,
a Agência Regional para o Ordenamento do Tempo, uma estrutura de
poder regional sediada no centro de Paris. O objectivo deste projecto é
a criação de uma rede de "escritórios de vizinhança"
equipados de meios informáticos e telemáticos, onde os trabalhadores
das organizações podem realizar as suas tarefas sem se deslocarem
grandes distâncias.
Este projecto enquadra-se numa modalidade de trabalho
designada por teletrabalho ou trabalho à distância.
A conjuntura social, económica e tecnológica que fomentou
o aparecimento deste novo conceito de trabalho inclui:
- o aumento descomunal do tráfego nos meios urbanos,
com o consequente desperdício de tempo e aumento de "stress"
nas deslocações para o emprego.
- o custo incomportável do imobiliário nos
grandes centros.
- as reestruturações de fundo que as empresas
sofreram na última década.
- a criação de uma cultura de relacionamento
apoiada nas novas tecnologias de comunicação.
- o surgimento de equipamentos portáteis.
No contexto anterior os objectivos a atingir com o teletrabalho
são:
- permitir flexibilidade no trabalho.
- responder às novas necessidades de produção
de serviços e à evolução dos mercados.
- melhorar as condições de vida dos trabalhadores.
- diminuir o tempo dispendido nos transportes.
- reduzir a poluição.
O teletrabalho pode tomar as seguintes formas:
- Teletrabalho no domicílio: corresponde
à transferência do local de trabalho para casa, com recurso
a aplicações telemáticas que permitem a ligação
à organização origem. Esta abordagem possui desvantagens
a nível dos trabalhadores e a nível da organização.
Para os primeiros deve considerar-se o possível isolamento social
e profissional, a dificuldade de auto-organização e a intrusão
do trabalho na vida familiar. Para a segunda pode esperar-se a renitência
dos gestores (principalmente os de nível intermédio) na adesão
a este tipo de mudanças, e o receio da perda de confidencialidade.
O teletrabalho ao domicílio deve ser restringido a algumas profissões
ou actividades altamente qualificadas.
- Teletrabalho nómada: permite
que o pessoal itinerante permaneça em contacto com a sua organização.
- Teletrabalho em escritórios satélite:
corresponde a um novo conceito de organização
das actividades económicas nos meios urbanos, o telecentro.
Os telecentros representam uma situação intermédia
entre o trabalho tradicional e o teletrabalho em casa, considerada apropriada
para a cultura "latina". Um dado telecentro engloba empregados
de diferentes empresas que residem numa mesma área geográfica
limitada. Assim, aproxima-se o local de trabalho da residência do
trabalhador com todas as vantagens inerentes a esta situação.
O projecto que está a ser desenvolvido pela CATRAL
é constituído por cerca de 100 telecentros (os "escritórios
de vizinhaça" referidos no início deste resumo), que
poderão ser instalados em espaços cedidos por empresas de
transportes, de telecomunicações ou de energia. Esta solução
para o espaço físico tem duas vantagens; para além
de permitir a ocupação de espaços vazios, possibilita
também a rentabilização das redes de comunicação
internas.
Os responsáveis pelo projecto CANTRAL, Christine
Gauthier e Philippe Dorin desejam reforçar a expansão europeia
dos telecentros, tendo referido também a importância da criação
de "um pólo latino da Sociedade da Informação".
Nota: Recorreu-se ao site da CATRAL para complementar
a informação contida no artigo.
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