| O debate, organizado
pela Missão para a Sociedade de Informação (SI), contou com os testemunhos de elementos |
ligados à Comissão Nacional de Luta contra a Pobreza e às Misericórdias. Oliveira Ramos, Comissário Nacional na Luta contra a Pobreza, salientou a situação do interior português é particularmente dif
ícil. Ali, a exclusão faz-se pela
ausência de informação, de vias de comunicação ou de electricidade, problemas que tornam as tecnologias novas miragens.
| Outra experiência foi
trazida por Manuel Lemos, responsável de União das Misericórdias.
Um programas de ins- | talação de computadores num centro dum
bairro degradado da Maia entusiasmou os míudos locais. Estão em contacto
com os de outros países, via Internet, produzem jornais e estão a criar a
sua página na rede. «Teve de ser fora da escola, o absentismo era grande», explicou Manuel Lemos. O programa, iniciado em 1991, vai estender-se a outros
bairros.
| As histórias bem
sucedidas não escondem as dificuldades. Como o acesso às tecnologias.
Esse acesso deve ser, | segundo Vítor Malheiros, gratuito ou
tendencialmente gratuito em lugares públicos. O «Livro Verde» (relatório
de um diagnóstico sobre a implantação da SI a apresentar à
Assembleia da Replública) apresenta medidas nesse sentido: equipar os
estabelecimentos de ensino com computadores ligados a redes; a existência de um
computador multimédia em cada sala de aula até ao ano 2000; a
extensão da rede electrónica a centros de documentação, bibliotecas, arquivos e museus;
comtemplar nos programas escolares a SI e a promoção de
programas extra-escolares e de formação profissional no
âmbito da SI.
| À falta de
informação juntam-se outras situações de exclusão,
caso dos deficientes. A tecnologia permite ultra- | passar barreiras porque
é acessível de vários modos. É preciso, no entanto, que ela seja
disponibilizada. Mário Franco, da Fundação para a Divulgação
das Tecnologias de Informação, lembrou que o teletrabalho
pode acabar com outras exclusões: as das mulheres e dos idosos,
impedidos por razões físicas, em certas circunstâncias,
de manter postos de trabalho.
| Fernando Martins, do
«Jornal de Notícias» (vai ter uma edição falada para cegos),
preferiu referir a falta de hábitos | de leitura. Dos jornais,
disse terem uma linguagem longe dos jovens. e lembrou a experiência do «Chicago Tribune»,
que passou a ter uma edição de domingo feita por jovens. Com uma tiragem cinco vezes superior à média semanal.
| A info-exclusão é, em último caso, uma questão de democracia.
«Um problema político- -social que urge resolver», | salientou Mariano Gago, ministro
da Ciência e Tecnologia, presente no ínicio do debate. E que deve contar com outro fenómeno: o da auto-exclusão. Os que ficam
de fora da SI, apesar de terem condições para se integrarem,
podem ser os novos pobres da aldeia global. |